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quando visito o calçadão, ali no centro, próximo ao Banco do Brasil, a
Sorveteria de Nilo Arraes, percorro com o meu olhar cinquentenário e com a
visão nem tão assim periférica, devido ao meu glaucoma, tantas coisas que vivi
na minha juventude e que procuro lembrar vagamente. A feira da farinha, a
relojoaria de seu Abdon e seu Zequinha Barbosa, a discoteca de Rivaldo Araújo,
as praças coloridas e bem cuidadas, a Henriqueta Modas, a loja de Anemiro Leite
onde se vendiam as roupas de marcas, o Cê Q Sabe, a Fonte Luminosa, e
principalmente os casarões antigos que ainda sobrevivem ao tempo e que logo
serão tragados pelo desenvolvimento e o progresso que não podem manter vivo a
nossa história.
Lembro-me
do ranzinza Zé Mendes, figura caricata que era responsável pelos bilhetes no
Cine Capri, e que sempre me barrava por acreditar que eu não tinha 18 anos para
assistir “filme impróprio”, como era estampado no cartaz das 20 horas.
As
praças de Araripina em 1985 e 1986 eram cartões-postais da cidade e lá os
jovens aproveitavam o colorido da diversidade de flores, para marcar a
posteridade com fotos que pareciam inundadas de um ambiente prazeroso.
Eu as tenho como recordação e me sinto na obrigação de perguntar: “Onde estão as flores, as praças, o colorido, o verde e o brilho que tiraram do nosso cartão postal”?
Ainda
temos muito pouco para preservar. Da balaustrada sobrou quase nada. Do nosso
antigo prédio da prefeitura, apenas uma reforma tímida, deu uma oxigenada no
que parecia desprezado, e nos casarões antigos, restam-nos, aproveitar as
máquinas potentes que garantem imagens inconfundíveis, para destacar o que
temos para lembrar para a posteridade.
Aproveitem
bastante, porque o tempo é uma máquina veloz que não consegue esperar por
decisões lentas e que não sejam inesperadas. O prédio onde funcionava o
consultório do ex-prefeito Valmir Lacerda, uma emissora de rádio, além dos que
abrigavam o cine Marilac, foram transformados e podem com o tempo perder de vez
as suas características peculiares, planejados em um novo modelo arquitetônico
ou, simplesmente demolidos, sem que os novos araripinenses conheçam as suas
histórias.
Dr Valmir (era assim mesmo que era chamado) com certeza terá muitas para contar, principalmente da sala de espera que dava acesso ao seu consultório de dentista. Quantas pessoas não ficavam ali o dia todo, só para ficar conversando umas com as outras. Hoje infelizmente, ninguém mais interage com ninguém. O celular virou amigo virtual, mesmo o amigo virtual estando próximo e sendo de pele e osso.
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